quinta-feira, 2 de junho de 2011

Nova turma - Akkaraipattu

Estou em dívida com os meus seguidores do blog, não sei quantos são no total mas sei que aqui vêm, quase, todos os dias.

A vida por Batticaloa continua a mesma, o meu dia à dia continua o mesmo, acordar cedo, manhã com 1 hora de pratica de viola, já sei musicas infantis brasileiras, agora estou a aprender o ritmo, um bocado dificil mas com pratica vou lá, pôr a escrita em dia, preparar aulas, ler noticias dos meus mundos, ver alguns blog e é hora de almoçar. De tarde vejo mais umas coisas que tenho que fazer, lá de vez em quando saio para ir à cidade e final do dia aulas até as 21, jantar e se não tiver sono vejo 1 filme, se tiver sono, durmo.

Nos últimos dias houve mudanças e ainda bem =)

Fui ver a outra escolinha que a Fundação apoia, fica numa comunidade a 30 minutos do centro, não me recordo do nome nem tenho aqui o caderno onde apontei, fica para a proxima. Esta comunidade foi criada de raiz pós-tsunami, as pessoas que ficaram sem casa foram deslocadas para lá e foram dadas casas novas, as ruas estão alcatroadas, pelo menos dentro da comunidade, as escolas são novas, enfim, parece um simcity versão Sri Lanka.

A escolinha está  num bonito edifício que foi cedido por 1 ong "world concern" e está sendo apoiada pela AMI em cooperação da SLPBF.

São cerca de 15 estudantes e temos, tal como na outra, todos os "credos": católicos, hindus e muçulmanos. Aqui nesta zona não há budistas.

Tive lá no encontro mensal com os pais das crianças que é como quem diz, com as mães que os pais nunca aparecem nessas coisas, em Portugal é quase o mesmo, é raro ver 1 Pai ser o encarregado de educação. Eu por acaso até tive o meu pai como encarregado de educação 1 ano nos Açores mas logo na 1ª reunião ele atrofiou com os atrasos dos restantes pais que não voltou mais...

Depois do almoço lá nos pusemos à estrada rumo ao distrito de Ampara, mais propriamente a comunidade de Akkaraipattu. Viajaram comigo os meus companheiros de sempre, o driver e o Jude e desta vez acompanhou-me um Papa que é agora também o meu tradutor. Chama-se Titus Hendrick, está na casa dos 70-80 anos, fala muito bem inglês e português antigo e ajuda-me com as aulas.

Esta comunidade fica a hora e meia de Batti e quando cheguei lá já tinha a sala cheia, sala como quem diz, varanda de uma casa que eu até prefiro.

Tenho cerca de 35 alunos, 4/5 rapazes e o resto tudo mulheres. A razão de haver tantas mulheres e tão poucos homens é que a hora em que dou aulas, das 16-18 é horário de trabalho e os homens estão a trabalham.

Ao contrário das outras turmas todas, aqui falam muito pouco inglês daí a presença do Papa Hendrick que foi um grande professor pois tudo que eu dizia, até as piadas, traduzia tudo e tem mesmo jeito para aquilo!

E como não falam inglês também não sabem o alfabeto o que vai dificultar muito as coisas ou talvez não, aqui apostarei muito mais na oralidade do que na escrita, pior será nos testes mas isso mais para a frente é que me irei preocupar! Escrevo à mesma para as pessoas mais novas e que sabem e o resto é o repetir, eu falo, eles repetem, eu falo, eles repetem e é mesmo bom porque vejo a alegria deles em falar outra língua, a língua das suas origens, e quando alguém diz de maneira diferente da minha parte-se tudo a rir, eu também!

Só há uma pessoa na turma que fala português antigo que é a pessoa mais velha da turma, Mamã Unita Barthelot, tem 67 anos, todos os outros sabem 1 ou outra palavra, nada mais.

Tenho que falar de uma aluna que foi das mais participativas, é uma senhora na casa dos 50 anos que vai acompanhada pelas netas, penso eu, é cega, deviam ve-la a falar português, tem um bom sotaque =)

E depois de 2 horas com apresentação e aula vim com o coração cheio, uma turma apesar de serem muitos, são muito participativos e sabem estar e respeitar. 

Lá adormeci no caminho, afinal ainda são hora e meia até chegar a casa, foi jantar e cama!

Estou um pouco triste com a turma de Batticaloa, tenho 25 alunos mas têm faltado muito, no máximo tenho 10 pessoas por aula. Já tentei saber o que se passa, o porquê das faltas, já troquei de horário para ver se seria melhor para todos mas mesmo assim estão a faltar...

O que vale é que as outras turmas têm-me dado alegrias, não é que esta não me dê mas esperava muito desta turma, afinal é a turma da cidade onde moro e onde poderiam aproveitar mais a minha estadia cá...

Vou tentar escrever um pouco mais aqui, fica a promessa, não só o que se passa mas também coisas que vou lendo e vendo!

Abraços e beijos

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