domingo, 31 de julho de 2011

2 Festas muito interessantes!

Este fim de semana fui a duas festas por Batti, uma hindu e outra católica mas vou falar nelas nos próximos dias, hoje vou debruçar-me em duas festas que já tinha ouvido falar mas passei o final da tarde a falar nelas.

A primeira festa realiza-se quando as meninas fazem 13 anos e é a chamada a “festa da passagem” , por outras palavras, comemora-se a passagem para a fase adulta, por outras palavras ainda, comemora-se a chegada da menstruação às  raparigas.

E não é uma festa qualquer, a rapariga entra com os pais, vestida com 1 roupa toda catita aqui da área, muitas fotografias, muita dança, muita comida. De vez em quando tenho festas destas aqui no salão da fundação, ver se me armo em paparazzi e vou tirar 1 fotos.

A segunda festa é intitulada como “key party”, a “festa da chave”  e acontece quando a rapariga faz 21 anos. E o que consiste esta festa? É quando se “abre” a porta da mulher, quando ela pode perder a virgindidade…

Tal como a outra, a rapariga também veste uma roupa toda bonita, entra com os pais e é quase como uma apresentação da rapariga à comunidade, um estilo talvez de baile de debutantes mas onde há só 1 rapariga a ser conquistada.

Esta última festa levantou-me algumas questões e foi nelas que pairou o nosso serão: key party porquê? E quem abre? É que dá a entender que é feito tipo cerimonia para essa “abertura”… Ouvi uma vez uma história de um casamento cigano, quando morava no Cacém que a Avó do marido antes do casamento tem que certificar se a noiva é ou não virgem, até podia contar mais pormenores mas ainda não quero entrar neste meio =)

E o que acontece às raparigas que por acaso engravidam antes disso? Tantas outras que me foram surgindo mas só me estou a lembrar destas agora, se tiverem mais algumas avisem que eu tento arranjar resposta para elas, hoje estava só com homens, amanhã vou perguntar isto às mulheres cá da fundação, vamos ver se estarão à vontade para falar comigo sobre este assunto.

Um assunto um bocado ligado a isto é que a comunidade burgher com quem trabalho tem uma coisa que alguns concordam, outros poderão nem concordar: o sonho dos pais é que os filhos se casem com outro burgher, assim se mantém a história e os laços familiares mas estão a deparar com 1 grande problema, a comunidade está cada vez menor e há já poucas famílias, diferentes apelidos contabilizados nas minhas turmas vão 15-20 mas estamos a falar de 3 distritos distintos, poderá começar a haver casamentos quase da mesma família e isto dá a outro tipo de problemas, questões genéticas, essas coisas.

Os rapazes estão um pouco mais “safos” com isso pois ao casarem com alguém de “fora” acabam por trazer a mulher para a comunidade pois ela adopta o nome burgher e a religião mas mesmo assim os pais não são muito de acordo, 2 das pessoas com quem falo mais aqui em Batti estão com este problema, namoram com hindus e não sabem como contar à família…

As raparigas já não é bem assim, ao casarem com uma pessoa de fora perdem o seu apelido e algumas delas têm que adoptar a religião deles, 1 das pessoas do staff ela casou-se com 1 hindu mas continuou na religião católica.

É um pouco diferente mas faz lembrar o sistema de castas que existe ou existiu na Índia.

Já imaginaram como seria em Portugal se isto acontecesse?

E o que acham das 2 festas que falei em cima?

E é assim o Sri Lanka,  há sempre alguma coisa nova para contar!

3 comentários:

Anónimo disse...

Festas semi-tribais mas acredito que até sejam engraçadas.

Paula disse...

MJ,

As castas mantém-se na Índia e em Portugal entre ciganos e a quem eles chamam gaiji... com a globalização e abertura das fronteiras o que acontece é a mistura de "raças" de ideologias e de forma de ver a vida...
O amor é incolor para mim quando se gosta... devemos aceitar mas entendo as tradições e que se as deve manter pelo menos algumas... esta a perder-se tanto a identidade e esta a morrer tanta coisa que daqui a nada só mesmo nos livros de história...
Obrigada por estas partilhas
Beijinho

M.J. disse...

Martini: se as roupas fossem tribais era outra coisa mas são mesmo roupas para o indiano mas cheio de lantejoulas. Mas o conceito da festa é engraçado =)

Utena: Também concordo com o amor é incolor, não escolhe, acontece mas aqui e pelo que tenho lido por aí, as misturas não são assim tão bem vistas. Todos nós somos frutos destas misturas, 1 mais acentuadas que outras mas somos... alguém que me diga que é 100% puro, de 1 só raça? não acredito!
bjs