sábado, 30 de abril de 2011
Dia 30 de Abril - Dia de D. Lourenço de Almeida
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Dia 29 de Abril – Dia do Futsal
As coisas por cá continuam iguais aos dos outros dias, acho que enquanto não começar com as aulas não terei muitas mais novidades para além das que já vos dei… E ontem como foi um dia que fiquei sempre na fundação, menos novidades tenho…
O grande acontecimento de ontem foi mesmo ter visto a Final da Europa League de Futsal, não sei se é assim o nome, bendita RTP que tem os canais abertos na internet, pelo menos o dinheiro público, aqui, está bem aplicado, apesar das pessoas criticarem…
Vi um pouco do Sporting, como não é a minha equipa passou-me ao lado mas depois vi o meu Benfica e aí… Os italianos têm uma forma de jogar muito defensiva e sempre no contra-ataque, a verdade é que resultou com o Benfica, sempre que foram à baliza marcaram, até o GR. E assim ficou o resultado 3-0 para os italianos, quem estava à espera de uma dupla final europeia vai ter que esperar mais uns quantos anos, acho que dificilmente iremos ter 2 finais no futebol e no futsal com equipas portuguesas, 1 já é bom, quanto mais 4…
O futsal é um desporto em expansão em Portugal, cheguei a jogar numa equipa no Cacem para fazer um torneio na Damaia, jogava sempre entre amigos e depois foi só na faculdade, tanto na equipa da faculdade como na equipa do curso, aí tivemos boas alegrias. Também “ajudei” 1 amigo treinador numa equipa de faculdade, aí tinha outra nome, chamava-me Nuno Rebelo.
Acho que este desporto devia ser mais apoiado em Portugal pois temos entre nós grandes jogadores, até já fomos campeões mundiais universitários, é um desporto bastante praticado entre o género feminino e no desporto escolar é sempre 1 dos desportos mais activos, quem não se lembra das inter-turmas da escola? O de futebol enchia sempre mais…
Ao contrário do futebol de 11, onde joguei mais anos, aqui a minha posição era GR, e gosto de lá estar, apesar de nos últimos tempos, entre amigos, estar a jogar mais à frente, estava a precisar de correr =)
E ontem foi o dia do futsal por ter visto os jogos e por me ter feito lembrar do meu passado enquanto praticante deste desporto.
A noite tive sorte pois tive a companhia de uma grande amiga com quem troquei sms, por um lado até é bom ter esta diferença horária, pelo menos tenho sempre alguém para quem mandar sms e que esteja acordada =)
E a 1º musica que passou ontem aqui foi:
quinta-feira, 28 de abril de 2011
28 de Abril - Dia das Chamuças
Escolhi este nome porque, finalmente, tive a oportunidade de entrar num "café" daqui, fui buscar as minhas fotos para o visto e decidi dizer ao Jude para irmos comer 1 chamuças e beber 1 cola que já tinha saudades, não foi o meu espanto que quando fui pagar, paguei apenas 15o rupias, o que equivale a 1 euro... 7 chamuças e 2 colas = 1euro, como um amigo disse, grande europoupança =)
Como todas as manhãs decidi por mãos à obra no projecto e ontem decidi aplicar o que aprendi na formação que tive mesmo antes de vir e tentei fazer algumas das coisas ensinadas: Árvore dos problemas, Árvore dos Objectivos, etc, a brincar a brincar passei 3 horas à volta disso e até gostei, dá para termos outra perspectiva do projecto.
E hoje podem ficar com a 1ª musica que ouvi ontem:
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Dia 27 de Abril – Dia do inconstante
Tenho escrito sempre um dia depois do dia e olhando para o dia de ontem acho que a palavra inconstante é a mais certa e porquê?
Ontem foi um dia um bocado “misto”, tive momentos de risada mas também tive os meus momentos de isolamento.
Tenho dormido mal, tenho ido para a cama mais tarde para ver se caio na cama já cansado mas mesmo assim ainda perco 1/2 horas às voltas na cama. E o que me vem á cabeça? Tanta coisa… Acho que estou mais assim porque ainda não comecei a trabalhar, estou a precisar de me mexer, de começar a ter contacto com os alunos, com as pessoas, não gosto muito de estar parado e a última vez que trabalhei foi em Novembro, já vai alguns meses… Tenho tentado arranjar coisas para fazer mas o dia é mesmo grande por cá, acordo cedo e deito-me tarde, ainda bem que trouxe muita música, filmes para ir distraindo e há net =)
Durante a manhã tiro sempre o dia para fazer as coisas mais direccionadas com o projecto bem como escrever no blog, vejo os mails que tenho que ver e depois ponho-me a preparar aulas, decidi parar na 20ª aula porque não sei como é que os alunos vão estar, se são rápidos na compreensão ou se vão ser mais lentos e para não adiantar muito trabalho vou fazendo consoante as turmas.
Aproveitei também para falar com algumas pessoas que andavam pela internet e a mandar alguns mails, eu sou mais de cartas mas como estou noutro lado do Mundo é mais fácil por mail e assim vou tendo noticias de vez em quando.
Ontem também começou a peregrina da EA, um marco bastante importante para a caminhada enquanto grupo, são 4 dias onde nos descobrimos, onde nos damos aos outros, tem um poder difícil de explicar. Talvez também me fez ficar mais saudosista, pensar nesses 4 dias… Foram nas peregrinas que eu conheci melhor as pessoas, foi lá que me encontrei mais, que tive um contacto maior com o big boss, ainda me lembro da 1ª peregrina quando houve um momento de silêncio, eu não gostava nada e nesse ano muito menos porque os momentos que estava sozinho pensava muito no meu pai, tinha sido tão recente a sua partida e eu ainda estava a tentar perceber o porquê… Eu gostava muito dos momentos a 2, aí tive oportunidade de conhecer melhor as pessoas, algumas delas são um grande apoio na minha vida actual, lembro-me também de estar sempre na retaguarda, os varredores e sempre na companhia de pessoas especiais… Depois havia as palhaçadas de quando chegávamos aos locais para dormir, era montar o nosso campo de futevolei e lá estavam os rapazes a jogar! E as orações da noite que duravam horas… tanta coisa que era partilhada, tantas lágrimas… enfim, peregrina é sempre peregrina e acho que também fiquei assim porque pensei na peregrina.
As risadas aqui são diárias porque o staff está sempre muito preocupado comigo e eu como desapareci ontem algumas vezes eles pensavam que eu tinha fugido e eu começava a contar histórias do que se tinha passado e eles riem-se e assim ficamos todos contentes.
E para terminar a música que tocou por cá:
terça-feira, 26 de abril de 2011
Dia 26 de Abril – Dia de São Receber
Falando em nº, a moeda de cá são as Rupias e um euro equivale a 156 rupias.
Os vencimentos são: Pessoal do staff – 12000 rupias (+ou-77euros)
Guardas – 6000 rupias (+ou-38 euros)
Cozinheira – 4000 rupias (+ou-26 euros)
Já viram o quanto é diferente em Portugal? E aqui eles ficam felizes com o que recebem… Dizem que pode até ser pouco mas mais vale esse dinheirinho do que nada, com este dinheiro já conseguem ajudar os familiares que não têm dinheiro.
1 dos guardas cá de casa, o Papa Trevor daZilva, chamo-lhe Papa Silva, para ganhar mais alguns trocos faz encadernações de livros/cadernos, folhas que foram descoladas, capas rasgadas, ele trata de tudo, muito perfeito e tudo com as mãos, nada de uso de máquinas. E ganha pouco com cada 1 dos cadernos, pode demorar 3/4horas a fazer 1 livro, se for um livro A5 ganha 100 rupias, não chega a 1euro… Mas é o que ele diz, essas 100 rupias vezes muitos já dá para pagar algumas coisas.
Ontem aproveitei também par
a ir fazer 1 pequenas compras, há coisas baratas, material de papelaria é barato, 1 tesoura pequena custa por exemplo 22 rupias – 0,14 euros mas já não posso dizer o mesmo de 1 desodorizante, é um luxo para cá e não se arranja em qualquer loja, ainda percorri 3/4 lojas para arranjar 1 roll-on e depois paguei 450 rupias – 3euros por 1. Vou usar mesmo só em ocasiões especiais =) Outra coisa que aqui é barato são as sms para Portugal, pago 7 rupias – 0,05 euros e eu como até sou simpático, tenho o meu tmn activo por isso podem sempre mandar para lá, não gastam tanto dinheiro.
Gosto das Letras das lojas!
O Skype é outro mundo, eu já conhecia essa grande ferramenta mas tenho usado cá muito mais que em Portugal ou Macau, consigo falar com família e amigos, ontem passei alguns momentos a falar com 1 grande amiga e o pessoal daqui estava espantado ao ver-me a falar no computador e a ver outra pessoa.
A conversa que tive ontem fez-me ir para a cama mais relaxado e a pensar que tudo tem uma razão de ser e eu estar aqui tem o seu motivo, ainda não sei muito bem qual, eu sei alguns dos motivos, os outros vou ter que descobrir, terei tempo…
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Dia 25 de Abril - Dia da Liberdade
domingo, 24 de abril de 2011
Dia 24 de Abril
Decidi também que quando voltar vou-me dedicar mais a biografias, autobiografias e vou tentar chegar a todos os ramos, seja de direita, esquerda, centro, católico, hindu, acho que só lendo alguma biografia/autobiografia conseguimos perceber melhor o que vai dentro de cada pessoa.
Acabei os meus apontamentos também do livro e tenho a certeza que me ajudará mais à frente, o ser humano vive sempre a queixar-se, eu sou 1 deles e acho que agora vou ter mais cuidado com isso pois eu sou um sortudo, tenho tanta coisa boa a meu lado, tenho tanta sorte e por vezes esqueço-me das coisas boas.
De noite ficamos sem luz porque começou a chover muito, relâmpagos atrás de relâmpagos, nunca tinha visto tantos de seguida, só mesmo em filmes. Eu parecia um puto com uma prenda nova, estava feliz a ver as luzes! Eu filmei mas o filme ficou um pouco pesado por isso não consigo meter aqui, fica para a próxima.
Dia 23 de Abril
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Dia 22 de Abril
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Dia 21 de Abril
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Dia 20 de Abril
terça-feira, 19 de abril de 2011
Dia 19 de Abril
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Dia 18 de Abril
Dia 17 de Abril
sábado, 16 de abril de 2011
Dia 16 de Abril
Hoje o mata-bicho foi: arroz com leite de coco, um bocado de compota de uma fruta que nunca vi em Portugal mas que sabe bem, não tenho aqui comigo o nome em inglês, e cebola salteada para dar o seu toque. É sempre acompanhado com 1 peça de fruta, hoje maça, e o chá não vem a acompanhar a refeição, vem só no final. Já disse que tinha que ser menos comida porque a continuar assim vou é a rebolar para Portugal, já me obriguei que na próxima semana tenho que começar a fazer algum tipo de desporto, nem que seja correr pelas escadas, carregar os sacos de cimento, os tijolos do novo edifício, enfim, qualquer coisa.
Agora já tenho internet e já consigo estar mais contactável com o Mundo Ocidental, finalmente vi os golos do Benfica e consegui falar com 2 pessoas muito importantes para mim, obrigado pelas conversas!
De tarde fui dar uma volta com o rapaz que trabalha aqui e aproveitei para comprar coisas que não trouxe, como uma webcam (já posso falar no skype) e um leitor de cartões para a máquina porque não trouxe o cabo para passar.
Fomos até Dutch Bar, uma zona onde morreram muitas pessoas no Tsunami, tive na conversa com 3 burghers que sabem ainda algumas palavras em Português, faz-me lembrar sempre o pátua de Macau ou o criolo. Vou querer ter uma turma também com o pessoal mais velho pois foram eles que passaram aos mais novos o pouco que sabem e não está nada escrito, talvez seja bom documentar o português burgher... Vamos ver se há tempo para todos os projectos =)
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Dia 15 de Abril
Porque o dia aqui começa bem cedo, o breakfast é às 8, decidi tirar a manhã para passar as notas para o portátil para quando tiver net publicar no blog. Estou ainda indeciso com o nome do blog, pensei em crónicas envolventes mas no final de ter escrito todas as notas, vi que isto era mais um diário e talvez o nome será diário envolvente, vamos ver se vai dar…
Eu só terei acesso à internet quando estiver o staff o que não é muito bom pois eles só trabalham das 8:30-17 de 2ª a 6ª e sábado de manhã e é só nessa altura que eu posso ir e para eu ir 1 dos computadores fica sem net porque não há wireless… Ficou a promessa de comprarem um cabo e deixarem o cabo cá fora para quando quiser ir à net durante a noite, vamos ver quanto tempo irá chegar esse cabo…
De tarde fui dar uma volta com o Papa DeZilva, o guarda aqui de casa que é burgher e tem 67 anos, fomos na sua motinha e ele mostrou-me tudo que precisava de ver aqui em Batticaloa: forte, centro da cidade, estação de comboios, estação de autocarros, hospital, policia, escolas, igrejas, enfim, tudo, mesmo porreiro. Teria sido um grande dia para tirar fotos mas aqui o Miguel esqueceu-se de carregar a bateria da máquina… Terei tempo para dar mais uma volta, ou muitas mais, e tirarei fotos.
Reparei que preparei mal esta viagem pois esqueci-me de coisas que normalmente não me esqueço, ainda tive sorte que nos últimos dias tive amigos que me ajudaram, como a farmácia a trazer, os livros, as músicas (obrigado). Vou ter que comprar o cabo para a máquina fotográfica, eu pensava que este portátil teria o leitor de cartões mas não tem. Esqueci-me também de outras coisas que o melhor é nem dizer, não quero que algumas pessoas fiquem chateadas comigo.
Não sei o que se passou mas de noite tive uma quebra e as 8:30 já estava no quarto, aproveitei e acabei com o livro “ Afinador de pianos”, um bom livro que aconselho a quem gosta de romances históricos. Decidi que ia parar de ler porque só tenho mais 2 e não sei como é que se arranja cá livros, mesmo em inglês por isso vou deixar os outros 2 de reserva para quando chegar a metade da missão, se entretanto souber que me vão enviar algo eu peço aos meus queridos amigos (olha eu a dar graxa) para enviarem 1, daqueles bem grandes =)
As noites por aqui têm sido bastantes difíceis de passar pois é a altura que está mais quente, é impossível estar no quarto sem a ventoinha ligada, tenho aproveitado para ver também alguns filmes, estou a aproveitar agora porque sei que quando começar as aulas será mais difícil, as minhas aulas serão sempre no final da tarde e depois das aulas o que vou querer é descansar.
Dia 14 de Abril
Tenho que agradecer muito aos dois por estes dias que estiveram comigo, conhecia melhor o Dr. do que a Ana, foi tudo mais fácil porque tive a companhia deles, são pessoas mais experientes e com mais conhecimentos, foi uma sema
na de aprendizagem e de camaradagem que ficarão guardados e serão lembrados sempre.
Se já tinha o Dr. como exemplo, agora muito mais porque conheci-o um pouco melhor, deu para falar de tudo, partilhar coisas mais pessoais e ouvir conselhos, é uma fonte de conhecimento e de experiência incalculável, e tenho pena que nesta fase, no nosso país estejam a julga-lo pelas decisões que tomou, ele ainda nem falou…
Irei buscar vários episódios deles durante estes meses que estarei por cá.
Depois da saída deles dei por mim a pensar: e agora? Estou sozinho, como será? Como serão os dias? O que vou fazer quando me sentir só? Fui inundado de perguntas… as respostas? Eu confio em mim e nas minhas capacidades, sei que isso irá acontecer, terei os meus momentos mais tristes mas terei capacidades, espero, para conseguir ultrapassar. É verdade que estou sozinho cá mas ao mesmo tempo não estou porque há sempre pessoas no centro, a cozinheira, a Mama Tevi, os seguranças da noite, Papa deZilva e Papa Ragel estarão sempre comigo à noite e durante a semana tenho também o staff e quando começarem as aulas terei os meus alunos, vendo bem as coisas, estarei sempre acompanhado =) E quando tiver saudades de falar português ligarei para vocês, seja sms, chamada, skype, voip, benditas telecomunicações que nos dão este prazer de encurtar distâncias.
Na parte da tarde cometi uma loucura que não voltarei a repetir: estava a ficar “sufocado” aqui dentro do centro, precisava de espairecer e disse ao guarda da manhã que ia dar uma volta mas como ele não percebe muito de inglês acenou com a cabeça e eu fui descansado, sabia que para sair tinha que avisar para onde ia para não ficarem preocupados. Dei a minha volta até ao lago, a quantidade de cães pela rua é um bocado assustador, ainda por mais eles não estão habituados a ver brancos a passear, não me fizeram nada mas admito que ainda temi que um ou outro me atacasse, passado 30 minutos, nem tanto talvez, cheguei a casa e estavam todos preocupados porque não sabiam onde estava, disseram logo que para sair tenho que sair sempre acompanhado, porque, é verdade que a guerra já acabou, mas há sempre o perigo. Eu sabia que não podia sair sozinho mas eu não vi mal nenhum andar até ao lago, é mesmo aqui ao lado mas aprendi já que para sair só mesmo acompanhado…
A mim faz-me um pouco de confusão isso, eu penso: se quero espairecer é porque quero estar sozinho longe do centro mas para isso tenho que ir com alguém… Pode ser com o tempo isto mude, não sei, só sei que nos próximos tempos vou estar bastante controlado, vão ter “medo” que fuja sozinho =)
Passei a noite na conversa com os seguranças e cozinheira, entre o meu inglês e o deles ainda nos conseguimos rir, o que é muito bom, serão os meus companheiros de noite.
Dia 13 de Abril
Como o final do dia é sempre a melhor altura do dia pois não está tão quente, fomos dar um passeio até ao lago que fica mesmo perto do centro, soube mesmo muito bem, a repetir muitas mais vezes.
O jantar foi diferente, foi um jantar convívio no terraço do edifício que está a ser construído, um bonito espaço e que espero que seja aproveitado no futuro para este tipo de eventos pois os hóspedes bem como o staff gostarão de certeza.
Dia 12 de Abril
O conceito de praia é um bocado diferente do nosso, não se estendem ao sol a apanhar banhos de sol, nada disso e nem dá porque o sol queima mesmo, eu fiquei com os ombros bem queimados. As mulheres também não vestem fatos de banho, vão bem tapadas, t-shirt e corsários, se não forem mesmo de calças de ganga, a questão do género aqui tem muito que se diga… Os homens podem ir da maneira que quiserem mas é “engraçado” ver alguns de calças de ganga e t-shirt… Não vou meter nenhuma foto por respeito =)
Outra coisa que já tinha dito e que voltei a reparar neste passeio, o pessoal come muito, nós a pensar que já tínhamos comido na praia quando fomos para as carrinhas havia ainda mais comida à nossa espera e como não se deve dizer que não, lá fizemos o esforço para comer um bocado mais.
Estou a reparar que os livros que trouxe irão ser lidos muito muito depressa: o “Salvador” já foi lido, irei tirar um dia para comenta-lo e agora estou já quase a meio do “Afinador de pianos”, uma bonita história do tempo colonial inglês na Birmânia que podia ser muito bem o Sri Lanka.
Dia 11 de Abril
Hoje era dia de acordar cedo pois íamos visitar uma escolinha da Fundação que ficava a uma hora de caminho, fica numa terra chamada Sammutharai. Foi chegar lá e ser recebido com um colar de flores, os miúdos estavam todos fardados, são cerca de 20-25 crianças, o que gostei mais foi ver as 3 religiões juntas, é bom para as crianças e para os próprios familiares. A escolinha mais uma vez fez-me viajar…
Antes do almoço tive tempo para pôr a escrita em dia, tenho tirado notas para depois escrever estas pequenas crónicas, é mais fácil pois assim não tenho que me lembrar de tudo apesar de haver coisas que me vou esquecendo.
Tivemos a reunião do programa de Português, foi complicado fazer um calendário para as aulas pois os alunos não serão só daqui de Batticaloa, vão vir pessoas de outros distritos e eu mesmo vou até outra cidade, Trincomalee que fica a 5 horas de carro, dar aulas. Terei tempo para mim e para preparar as aulas pois as aulas só serão depois das 17:30, os alunos são estudantes e alguns trabalhadores. Uma vez por mês estarei em Trincomalee durante uma semana, as outras semanas serão por Batticaloa, os meus fins-de-semana serão os mais preenchidos porque terei 4 turmas, 2 em cada fim-de-semana de cada distrito (Ampara e Eravur) e serão 8 horas por dia. Os alunos destes distritos só virão 1 fim-de-semana, daí ser tão intensivo. Vamos ver como vai correr, admito que tenho um pouco medo pois são muitas horas mas não há outra opção. No total terei 8 turmas, 2 em cada distrito: Batticaloa, Trincomalee, Ampara e Eravur.
Fiquei a saber também que haverá um prémio no final, vai ser uma motivação extra, de certeza que terei os alunos ainda mais motivados, o que facilita o trabalho para mim.
Ficou combinado que só começarei a dar aulas em Maio pois agora estão de férias por causa do ano novo hindu e cingalês e depois temos a Páscoa. É bom porque tenho 15 dias para preparar as aulas e tempo para conhecer Batticaloa e as pessoas. E começando em Maio talvez vou ficar mais um mês, em vez de voltar em Outubro voltarei apenas em Novembro e ainda ficou a possibilidade de ficar mais tempo mas só será discutido mais à frente e consoante o interesse das pessoas.
Dia 10 de Abril
Para quem não sabe, há uma história de quase “veneração” de algumas pessoas da EA, eu inclusive, por este nº pois tudo dá ao 7 e todas as histórias tem 7. Se não acreditam, eu falarei também nisso noutro dia. E para quem diz que sou obcecado pelo nº, quero-vos dizer que não fui eu que escolhi o quarto, já estava preparado para mim, quando os convidados se forem embora eu vou trocar de quarto.
As condições do centro são muito boas, tenho cama de casal, tenho armário, sitio para meter os sapatos, casa de banho com água quente que acho que nunca vai ser usado devido ao grande calor que se faz, ventoinha e até ar condicionado, que eu mesmo prometi que não será usado, a ventoinha chega-me. Mas é bom referir que tenho tão boas condições porque estou hospedado no centro e umas formas de eles ganharem dinheiro é alugar os quartos, tem uma pequena pensão com 8 quartos.
Ao contrário dos tempos de Moçambique, aqui terei que tomar banho todos os dias, a humidade, o calor daqui é uma coisa que nunca tinha vivido, é uma coisa só sentida. Talvez tive a sorte de ter passado em Moçambique em meses menos húmidos e quentes e em Moçambique há sempre uma espécie de ritual para ver quem é mais “porco”, aqui não tenho com quem competir, daí ser mais asseado =)
O mata-bicho daqui, o breakfast, foi as 9, que grande banquete, eu a pensar que ia emagrecer mas parece que vai ser o contrário, se não tiver cuidado quando voltar a Portugal nem me reconhecem.
Depois do breakfast fomos dar uma volta por Batticaloa com o Dr. Ragel, um dos membros da direcção da Fundação, deu para ir aos locais mais importantes da cidade, deu para ver que isto é mesmo maior do que eu pensava e que o local onde estou, o centro, está num sitio mesmo bonito e calmo. Tenho praia bem perto mas já me avisaram que ir sozinho não é muito seguro por isso sempre que quiser dar uma volta terei que levar companhia… e eu que não gosto de chatear ninguém mas se são ordens, tenho que acartar com elas.
Durante a volta por Batticaloa vi que a presença dos budistas por aqui é quase nula, há muitos hindus, muçulmanos e católicos. Isto também prova que estou numa zona tamil, eles próprios são maioritariamente hindus ao contrário dos cingaleses que são budistas.
Da parte da tarde houve um encontro com a população, estavam à espera de mais pessoas mas era domingo e não há autocarros por isso só veio quem morava mais perto mas mesmo assim deu para ver alguns dos meus futuros alunos, terei uma turma dos 16-20anos e com eles não terei tanto problema pois sabem inglês, será directo. No encontro tivemos direito a bolo pois a Ana fazia anos.
Antes de jantarmos tivemos um momento de convívio, já experimentei a cerveja local, LION, não é má, aqui parece que há só cerveja de litro e também havia outra bebida que o padre gostava mas eu não gostei nada, tive que experimentar, vem numa garrafa tipo black label (whisky), é cana de açúcar fermentado e que se junta soda.
Dia 9 de Abril
Sabia que a viagem não seria fácil, íamos de uma ponta da ilha(Oeste) até ao Este da ilha e no meio pararíamos para visitar o irmão Arul, antigo responsável da Don Bosco Home. No caminho imaginei que estava em África pois a forma de organização fora da cidade é igual, os vendedores à beira da estrada, pequenos mercados, a vegetação igual, a única diferença é que aqui as pessoas não são negras, são mestiços.
Demorámos mais tempo a chegar a casa do irmão do que era suposto, no final soubemos que demos uma grande volta, o padre Dias tinha sido “enganado” pois perguntou instruções e deram este caminho que era o mais longo, enfim, a verdade é que chegamos a casa, outro orfanato onde vimos as crianças, um bocado na conversa com os padres, almoçar e voltar à estrada que ainda tínhamos muito caminho para fazer. Estávamos em Matone, penso que é assim, perto de Kandy.
No caminho fui deparando que a mistura de religiões continuava no resto da ilha, era ver grandes templos hindus e budistas ao longo das estradas. Também reparei que apesar da guerra ter terminado ainda se encontra muita força militar nas ruas.
Já era noite quando chegámos a Batticaloa, não deu para ver quase nada pois estava escuro mas fiquei logo com a sensação que era maior do que estava à espera com muitas lojinhas ao longo da estrada. Foi chegar ao centro e deparar com uma coisa que já sabia: a minha futura casa, o centro social D. Lourenço de Almeida era mesmo grande, que grande obra está aqui feita e ainda não está terminada, estão a fazer um segundo edifício ao lado para as restantes valências: mais 2 salas de conferência e 9 quartos, vai ficar mesmo bonito.
Falarei do centro mais a frente, era tempo de comer qualquer coisa e dormir… Mas o bafo era tanto que só depois das2é que consegui dormir.
Dia 8 de Abril
Às 9:30 já estava o carro à nossa espera, fomos dar 1 volta de reconhecimento por Colombo, tal como todas as cidades coloniais aqui ficou a marca no traçado das ruas e nas fachadas das casas do centro, aqui com um estilo mais inglês.
Colombo é mesmo uma cidade invulgar ou algo que ainda não tinha visto, aqui podemos ver todas as religiões presentes: temos os templos budistas, mais a frente uma igreja católica, um pouco mais ao lado uma mesquita e ao lado um templo Hindu, 4 das maiores religiões estão cá presentes e conseguem conviver uns com os outros. É verdade que a guerra civil que assolou o país teve uma questão religiosa, Os cingaleses que são budistas contra os tamil que são hindus mas penso que isso não se notou muito em Colombo, foi mais nas partes Norte e Este, onde eu vou viver.
Nesta visita por Colombo tivemos tempo para parar na igreja de S. António, um santo bastante venerado pelos locais, seja de que religião for. Acho que é o santo protector dos pescadores, vou ter que investigar mais isso. Dou por mim a pensar que a igreja católica chegou cá pela mão dos Portugueses e mesmo com a nossa saída e com a presença dos Holandeses e Ingleses conseguiu-se manter, dá que pensar…
Às 12:00 tínhamos combinado ver o Centro Dialogo e Religião, um projecto também financiado pela AMI, estivemos na conversa com o Responsável Padre Juan Silva, na congregação dos Oblatas. Mostrou-nos o centro e todo o trabalho que têm desenvolvido, foi-nos pondo a par da situação do país, das dificuldades, dos receios, uma boa conversa para começar a estadia por cá. Como estava presente convidados que éramos nós, inaugurou-se a sala de gravação áudio / rádio, tem muito potencial pois dará para quem quiser gravar Cds, espaço para bandas tocarem, entre outras coisas.
Da parte da tarde fomos até Magonna, local onde a AMI ficou na altura do Tsunami de 2004, visitamos os orfanatos que foram apoiados por eles: St. Vicent Home e Don Bosco Home, até há um livro de Manuel Grillo que fala sobre a sua experiência nesta casa, ele ficou lá durante algum tempo, penso que se chama “Depois do Tsunami”, a ler.
No Dom Bosco Home fomos recebidos pelos irmãos que nos mostraram as várias valências da casa, há computadores, há máquinas de costura, há biogás, há criação de porcos, tem muito potencial mas tal como em África, sem manutenção das coisas tudo se perde e é o caso., tem que haver a cultura de gastar parte do dinheiro também em manutenção… Esta casa tem capacidade para 120 rapazes mas actualmente só têm 60, estão 2 pisos por ocupar. Houve uma descida do nº de rapazes porque o governo deixou de apoiar crianças com mais de 16 anos, só apoiam se tiverem a fazer algum tipo de formação.
Depois desta visita ainda arriscamos ir até Galle, uma das cidades mais importantes na história mas a meio do caminho decidimos desistir, não conseguiríamos chegar a tempo ao hotel, só tínhamos o carro até as 21:00, ficou para uma próxima visita.
Como o dia foi bastante cansativo, foi chegar ao hotel, jantar e quarto. Tenho é que contar um episódio: a meio da noite recebo uma chamada no quarto, eu a pensar que era algum dos 2 que estava comigo mas não, era uma mulher a perguntar se queria fazer uma massagem… Eu agradeci e disse que não estava interessado. Fiquei a pensar: como é que eles sabiam que estava sozinho no quarto? De certeza que o hotel entra em contacto com elas e depois fica com uma parte, que grande máfia…
Dia 7 de Abril
Como a viagem era cedo, ainda mais cedo tive que estar
no aeroporto pois o meu chefe gosta mesmo de estar cedo no aeroporto para não acontecer imprevistos. Tive a sorte de ter no aeroporto amigos muito especiais e agradeço a eles e a todas as sms que recebi antes de partir e depois de partir, é bom sentir que não estou sozinho.
Primeira paragem foi em Barcelona, sabíamos que não nos podíamos atrasar pois o próximo avião partia daqui a 1 hora, não sei se já estiveram no aeroporto principal de Barcelona mas placas a dizer transfers ou ligações a outros voos não existem, se existem eu não vi. Se o chefe não tivesse corrido pelos longos corredores do aeroporto não tínhamos apanhado o avião, quem diria que um senhor de quase 60 anos tinha aquela pujança? Bendita corrida pois foi chegar ao check in e passado 5 minutos estava a fechar.
Entrada no avião e eu fiquei longe dos meus companheiros de viagem, tive tempo para pôr a leitura da papelada que trouxe em dia, pensar no programa que iria implementar, tirar dúvidas, ver um filme, ouvir música. Claro está que passado nem 30 minutos estava era a dormir e só acordei para comer.
Segunda paragem foi em Doha – Qatar, também estávamos apertados com o tempo mas aqui tivemos sorte pois o check in foi logo feito em Barcelona, bastava procurar a porta para o avião, era mesmo a saída do controlo de segurança. Outra vez sozinhos no avião, desta vez com a companhia de 2 pessoas do Sri Lanka, ainda lançaram um sorriso e tal mas nada mais que isso. Nesta viagem deu para pensar mais um pouco no projecto e dei por mim se estaria ou não assustado com o facto de daqui a uma semana estar sozinho… claro que esse medo me assombra, não estou habituado a estar sozinho, muito menos sem conhecer ninguém e a falar uma língua bem diferente mas a missão é mesmo essa, estar pronto para qualquer eventualidade e disponível para aceitar o que nos é posto em frente. Está assim o meu espírito, não quero ter medo, é ver o que vai acontecer.
Chegada a Colombo e deparo que vou passar 6 meses num local bem mais húmido que Macau e eu a pensar que não havia lugar mais húmido, era 3:30 e estava um bafo que só sentindo. Tivemos que esperar 1 hora pelas malas e fomos para o hotel descansar um pouco que no dia a seguir era outro dia e que tinha que ser bem aproveitado, tínhamos muito para ver.
Razão do blog
Def: Diário envolvente porque o meu objectivo é envolver-vos também nesta minha vida. Tentarei passar pensamentos e coisas do dia-a-dia dos meus vários trabalhos, viagens, etc. A mim só me faz sentido mostrar o que ando a faze
r envolvendo os outros e partilhar o que sei com o próximo.
E também é mais fácil escrever num blog, assim todos têm acesso ao que estou a fazer, quando se lembrarem que têm um amigo de nome estranho perdido no Sri Lanka =) Mas quero que saibam que não é por ter blog que não responderei a mails, sempre que quiserem mandar mails estão à vontade, eu até vou gostar, eu responderei log
o que conseguir.
Hoje estou no Sri Lanka, amanhã não sei onde estarei, sei que não pararei ou assim espero. Depois de Macau, Portugal, Moçambique, Macau, agora vim parar a esta ilha no meio do Oceano Indico, poderia fazer uma breve apresentação da Ilha mas acho que todos saberão como procurar mais informações sobre onde estou, até dá para ver imagens =)
Fazendo o ponto de situação e explicando a quem ainda não sabe, estou cá por um período de 6 meses, no mínimo, para desenvolver um projecto de promoção da língua e cultura Portuguesa, estarei a dar aulas e mostrar música e dança Portuguesa em 2 cidades do Este do Sri Lanka: Batticaloa e Trincomalee.
Este projecto surgiu com um convite da parte da AMI que tinha recebido um pedido de ajuda da Sri Lanka Portuguese Burgher Foundation, a Fundação para quem trabalho agora, a pedir alguém para dar português pois os Burghers são descendentes dos Portugueses, é verdade que Portugal já saiu daqui faz mais de 350 anos mas os mais antigos ainda falam um dialecto local que tem muitas palavras em português, tem sido fascinante ver e ouvir o português de outrora. Terei tempo para depois ir contando as minhas aventuras com o “portuguese” deles.
Não sei como correrá esta missão, só espero conseguir fazer um bom trabalho e que no final da minha estadia saia feliz com o que fiz. O objectivo é também abrir portas a outras pessoas que queiram viver esta mesma experiência, espero que o projecto dure para além do tempo que aqui ficar.
Não podia esquecer de referir que este projecto não é apenas meu, foi pensado e criado sempre com outra pessoa, obrigado por teres estado comigo e por me teres dado forças mesmo sem saberes.
Irei continuar a escrever, tenho tirado notas todos os dias mas como a net não é assim tão rápida, vou escrevendo no portátil e depois passo para o blog.