segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O fim de semana por outras terras - Kandy

Este fim de semana mudei de ares, era algo que já queria a algum tempo e que já andava a dizer aqui ao pessoal do staff que precisávamos de outro dia fora de portas, tinha ficado decidido que iríamos todos mas estão a acontecer alguns acontecimentos cá na terra, que falarei amanhã, e elas já não foram, fui apenas eu e Jude e iríamos ter a companhia do boss e do motorista.

O destino era Kandy onde estava a decorrer o festival Perahera, todos os sites onde tinha visto coisas do Sri Lanka todos falavam disso e eu queria ir lá ver para ver se era assim tão especial… Explicando em linhas gerais o que é o Perahera:  é um festival de 10 dias que junta as 2 religiões mais presentes aqui da ilha, o budismo e o hinduísmo e são dezenas de elefantes, ainda tentei contar mas perdi-me nos 30, que estão ornamentados com panos cheios de cores e com muito luxo, a acompanhar cada elefante vai um grupo de dança, alguns até pareciam saídos do Haka da equipa de rugby da Nova Zelândia tal era o impacto e a força da dança que tinham, eu olhava para aquilo de boca aberta, mexia comigo e com a minha veia de bailarino que é uma nódoa.

O grande acontecimento é mesmo a passagem do, suposto, dente do Buda, é o elefante com mais cor e com as melhores danças, todos fazem o seu pedido, quando passou por nós parecia que as pessoas estavam a “rezar” para o dente, a fazer pedidos, eu como não quer a coisa também fiz o meu, vamos ver se resulta =)
Mas deixem-me voltar atrás nos relatos: foi o primeiro dia que experimentei os transportes públicos do Sri Lanka, para qualquer lado que vou tenho sempre a carrinha à disposição mas eu disse que como éramos só 2 não valia a pena e que a viagem era só até Habarana que o Padre depois apanhava-nos lá.

Para lá fomos de comboio, são comboios de 2 classes, a 2ª classe são bancos mais luxuosos, tipo regional de Portugal e a 3ª classe são bancos normais, eu gostei, um banco dá para ¾ pessoas mas como era o primeiro da manhã tínhamos espaço para ficar cada um no seu. O bilhete é de apenas 150 rupias, 1 euro para 100 e poucos km.

Chegada a Habarana, que não era bem Habarana mas sim uma vila que só tem mesmo a estação de comboios estava lá o nosso outro transporte, o jipe do Padre. 3 horas depois estávamos em Kandy, ficamos alojados na Cáritas de lá.

Aqui há um habito muito bom: antes das refeições, quando há convidados, normalmente o dono da casa convida os homens para beberem, neste caso foi Whisky e Cerveja, uma Calsberg muito muito boa de 8,6 %, tenho que encontrar em Portugal, e a acompanhar 1 aperitivos que sou fã, mandioca frita com picante, umas batatas também picantes e milho, massas, enfim, tudo muito bom a pedir acompanhamento alcoólico. A brincar éramos 3 e mandamos 5 cervejas, aqui são de 0,66 e meia garrafa de Wisky que foi só tocada por eles.

Eu como sou um gajo muito curioso faço mil e uma perguntas sobre a vida deles enquanto padres cá na terra, o trabalho que desenvolvem, as dificuldades, tema puxa tema e passaram 2 horas nisso!

Foi comer e partir para as ruas de Kandy porque o festival  só começava as 20:30 mas era preciso arranjar local para ver e a verdade é que não foi coisa fácil, como era o último dia, o melhor dia de todos, as ruas pelas 17 horas já estavam à pinha, pessoal sentado no chão, balcões com cadeiras e que podias ficar lá se pagasses 5000 rupias ( 30 euros), aqui o pobre disse que não valia a pena que de certeza que arranjaríamos um lugar na rua… depois de 1 hora lá encontramos o nosso poiso, ficamos tipo numa esquina de 1 rua onde já estavam para aí 500 pessoas e arranjamos lá um cantinho no chão.

Aquilo começou as 20:30 mas só passou na nossa rua às 22 e durou quase até à 1 da manhã, foram 3 horas de puro espectáculo, sem dúvida das melhores coisas que já vi na minha vida, e não foi só pelo brilhantismo dos elefantes, das danças, do dente do buda mas sim por tudo, pelas pessoas que estavam presentes, pelas ligações que se criam, por tudo mesmo.

Foi também uma oportunidade de lavar as vistas, tenho que ser sincero,  na minha cidade não vêm muitos turistas e lá encontrei não só turistas engraçadas mas também locais muito bonitas por sinal, não sei se é por viverem na cidade mas lá as raparigas usam calças de ganga, são mais arranjadas. Sim, para mim sinal de evolução é mesmo o uso das calças de ganga por parte da mulher, já fazia isso em Moçambique.

Acabamos a noite a ver o lago de Kandy, ficou a promessa que voltaríamos lá no próximo mês, antes da minha partida.

No dia a seguir era dia de voltar, isto de estar 2 dias fora de casa é muito tempo por isso foi acordar cedo, tomar o pequeno –almoço, desta vez Sri Lankense que é constituído por massa, lentilhas e sardinhas picantes  e é encher o prato que aqui eles comem bem!

Começamos por ir até ao mercado local, eu gosto de mercados, gosto de ver os legumes, as frutas, as lojecas, as especiarias, comprei algumas frutas que não conhecia e que já comi hoje, não tirei fotos, pena mas terei oportunidade para vos mostrar, são frutas que não temos em Portugal nem exportado e com um sabor muito bom. Sri Lanka é uma terra muito fértil, existe um pouco de tudo.

O próximo local foi o jardim botânico de Kandy, o único da ilha e existem árvores de todo o lado, também sou fã de jardins, eu e as dezenas de casais que encontrei por lá, parecia o jardim dos namorados tal era o nº de namorados que estavam lá, ficam debaixo da árvore e ficam assim, ainda tentei ver se algum casal dava 1 beijo mas ainda não foi desta que vi este tipo de “carícias” por cá, mas já vi mãos dadas o que já foi muito bom e alguns abraços =)

O jardim é enorme, vimos um pouco a correr porque Padre estava com pressa de voltar para a sua terra, dizia que tinha muito trabalho…

Tal como em todos os locais de visita, o local paga muito menos que o estrangeiro, neste caso foram 50 rupias para local (30 centimos) e 1100 para mim (7 euros), eu já tinha dito isso antes e volto a repetir, Portugal também deveria pensar nisso para ver se os Portugueses começam a visitar mais os seus museus, castelos, etc.

De regresso a Batticaloa, voltamos no outro transporte público, desta vez o autocarro, autocarro semi-luxuoso como dizia no placar, devia ser porque os bancos tinham estofos novos, de inicio fizemos a viagem de pé porque estava lotado mas depois de Pollonaruwa arranjamos sítio para sentar.

E foi assim o fim de semana, desculpem o testamento!

Esta semana há mais escritas, tenho temas pendentes.

4 comentários:

Paula disse...

Não desculpo nada... os teus testamentos são óptimos de ler da para sentir a tua "excitação" e a curiosidade que te move sempre que escreves com esta força e felicidade =)
Fim-de-semana em grande ah?

M.J. disse...

Utena: obrigado pelo elogio! Foi um fim de semana em grande mesmo, eu estou aqui desde Abril e é muito raro sair das minhas cidades, sempre que saio tem que ser em grande =)
bjs

Anónimo disse...

A medida que te ia lendo, fui passeando pelo local. ;) A única coisa que eu não gostei foi do pequeno-almoço "constituído por massa, lentilhas e sardinhas picantes". Acho que ia começar a manhã a vomitar...

Beijinhos

M.J. disse...

Joana: Eu também não sou muito adepto desses comeres logo pela manhã mas na falta de melhor tem que ser! Depois das 1ª vezes, o teu corpo fica habituado mas a verdade é que já tenho saudades do meu pequeno almoço português...
bjs